Os telescópios espaciais têm a vantagem de produzir imagens que não são deformadas pela atmosfera terrestre.

O telescópio espacial Hubble foi lançado em 1990 com um custo de 2 bilhões de dólares, para observar e fotografar objetos astronômicos jamais vistos, como estrelas em formação e novas galáxias. Tem alcance de 14 bilhões de anos-luz (1 ano luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros). Sofreu a primeira reforma em 1993 para corrigir um problema em seu espelho primário e a segunda em 1997 para trocar seus paineis solares e coloca-lo em uma órbita 15km mais alta, ficando a 625 km da Terra.

O seu principal objetivo é estudar a idade do Universo, estimada entre 13 bilhões e 20 bilhões de anos.

As radiações do espaço que são absorvidas pela atmosfera da Terra, tais como as ondas ultravioleta e infravermelhas, podem também ser detectadas por alguns telescópios espaciais.  


Foto de um aglomerado de galaxias feita pelo Hubble

A história

O primeiro a ter a idéia de criar um telescópio espacial foi o engenheiro de mísseis alemão Herman Oberth, que destacou as vantagens que oferecia um telescópio situado no espaço, fora da atmosfera terrestre, que está carregada de pó, vapor de água e correntes de ar. Tais elementos distorcem os frágeis raios luminosos oriundos de estrelas e impedem uma clara observação do universo. Nas décadas de 1920 e 1930, o astrônomo norte-americano Edwin Hubble estudava as estrelas no observatório de Mount Wilson, na Califórnia, através do telescópio Hooker de 100 polegadas (2,54 m), que eram então, o maior telescópio do mundo. Hubble observou que no universo havia, por todos os lados, galáxias exteriores à Via Láctea.

Em 1962, um grupo de estudo da Academia Nacional de Ciências norte-americana recomendou a construção de um telescópio espacial, mas uma década transcorreu antes que a NASA principiasse a desenvolver a idéia. Em 1975, a Agência Espacial Européia (ESA) passou a participar do projeto. Três
anos depois, o Congresso norte-americano aprovou o financiamento e o telescópio espacial começou a ganhar corpo. Recebeu o nome de Telescópio Espacial Hubble (Hubble Space Telescope, HST) em homenagem ao mencionado pioneiro da cosmologia, Edwin Hubble.

A construção

O Marshall Space Flight Center da NASA encarregou-se de projetar, desenvolver e construir o HST. Para a construção foram assinados dois contratos principais: um deles com a Perker-Elmer, responsável pela parte óptica, e outro com a Lockheed, responsável pela parte mecânica. Todos os sistemas críticos do telescópio foram projetados em forma de módulo, para que pudessem ser separados ou substituídos quando o HST estivesse em órbita.

O Goddard Space Flight Center, de Greenbelt, localizado em Maryland (USA), encarregou-se de construir os intrumentos científicos do HST e, depois do lançamento, tornou-se o centro de controle terrestre do telescópio; próximo a Baltimore criou-se o Space Telescope Science Institute. A construção do espelho de 2,4 m de diâmetro foi concluída em 1981. Os ensaios com os instrumentos científicos tiveram início em 1983, e a estrutura destinada a abrigar o telescópio ficou pronta em dois anos mais tarde. O lançamento do HST estava previsto para o ano seguinte, a partir de uma plataforma espacial. A data do lançamento, porém, foi adiada devido à dramática explosão da Challenger, em janeiro de 1986.

Os módulos:

  • Câmera Planetária de Grande Campo (WFPC-2): fotografa os planetas do sistema solar e procura por outros sistemas planetários;
  • Espectrógrafo para Objetos Difusos (FOS): analisa a luz proviniente de fontes tênues e distantes;
  • Câmera para Objetos Difusos (FOC): para as estrelas e galáxias distantes e tênues;
  • Espectrógrafo de Alta Resolução (HRS): recebe e analisa a luz ultravioleta de estrelas e gláxias;
  • Sistema Óptico Corretor (COSTAR): cinco pares de espelhos tornam mais nítidas as imagens da FOC, do FOS e HRS;
  • Magnetômetro: mede a posição da nave com relação ao campo magnético da Terra;
  • Sensores de Direção: estão direcionados às estrelas de referência e orientam o telescópio na direção necessária.

Em órbita

Finalmente, em 25 de abril de 1990, o ônibus espacial Discovery transportou o telescópio ao espaço (missão STS-31). No dia seguinte, o braço mecânico do
Discovery retirou o HST do compartimento da nave, colocando-o na órbita adequada e retirando-se em seguida. Os painéis solares do telescópios abriram-se corretamente e a tripulação do Discovery regressou exultante à Terra. O grande telescópio fora colocado em órbita com sucesso e, como demonstraram os primeiros testes, funcionava perfeitamente. Durante mais de três semanas, os cientistas e engenheiros do Goddard Space Flight Center realizaram o controle dos diversos componetes do telescópio.

Uma imagem desfocada

Quase um mês depois, no dia 20 de maio, os cientistas e astrônomos esperavam ansiosamente a primeira imagem que seria enviada pelo Hubble. Veio então a desagradável surpresa. Por mais que se ajustassem os instrumentos de bordo, as imagens obtidas eram sempre desfocadas. O espelho principal apresentava um defeito conhecido em óptica como aberração esférica: a curvatura do espelho não era suficientemente precisa para enfocar com exatidão a luz que incidia em sua superfície. O defeito era inerente à construção do espelho: a curvatura da superfície registrava um erro de apenas dois centésimos da espessura de um fio de cabelo, mas era suficiente para produzir imagens desfocadas. Nos meses seguintes, o processamento por
computador dos dados coletados pelo Hubble permitiu melhorar a nitidez das imagens. Entretanto, tais imagens não eram muito superiores às obtidas pelos
telescópios terrestres mais potentes. Planejou-se para 1993 a primeira missão de serviço que deveria instalar um dispositivo óptico corretor (COSTAR). Com o passar do tempo, o Hubble apresentou outros problemas. Na passagem da noite para o dia, o rápido aumento da temperatura (cerca de 200 ºC) produzia uma deformação dos painéis solares, que provocava uma vibração em toda a estrutura, tornando as imagens ainda piores. Além disso, dois dos seis blocos de memória do telescópio e três dos giroscópios deixaram de funcionar.

Na missão de reparação de dezembro de 1993 estavam em jogo o futuro do projeto HST e a própria reputação da NASA. Felizmente, a missão teve mais exito que o esperado. Depois da incorporação de fibras ópticas corretoras e de uma nova câmera planetária de grande campo, destinada a corrigir o defeito
do espelho principal, o HST começou, finalmente, a transmitir imagens perfeitas. Mais de três anos depois do lançamento, o telescópio estava então e condições de tornar-se uma nova janela para o universo.

Outras informações sobre o HST:

* Tem alcance de 14 bilhões de anos-luz (1 ano luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros);
* Sua órbita é de cerca de 615 Km da superfície da Terra;
* Uma das principais funções do telescópio era estudar a idade do Universo, hoje estimada entre 12 e 20bilhões de anos.

 

Resumo:

Lançamento: 25 de abril de 1990
Veículo de lançamento: ônibus espacial Discovery
Comprimento: 13,3 m
Diâmetro: 4,3 m
Largura: 12 m
Peso: 12 ton
Órbita: elíptica, 612 x 620 Km

Fonte: Coleção Universo nº1, Editora Abril

Atualidade

Depois de trágico acidente com o Space Shuttle Columbia ocorrido em 01/02/2003, o futuro do telescópio espacial Hubble ficou um pouco duvidoso.

Veja as ultimas noticias divulgadas pela Homenews

09/01/2004

A Nasa (agência espacial norte-americana) anunciou na última sexta-feira que está cancelando uma missão do ônibus espacial que seria enviada para realizar reparos e atualizar o equipamento do telescópio espacial Hubble. O cancelamento da missão, prevista para o ano que vem, deixará o telescópio vulnerável a falhas e pode representar até mesmo o seu fim em um prazo de quatro anos. De acordo com engenheiros, o Hubble tem uma chance de 50% de permanecer em condições de funcionamento por mais dois anos, caso não tenha manutenção apropriada. Um substituto para o telescópio em órbita da Terra não deve ser lançado até 2012. "Dia triste" De acordo com o cientista-chefe da Nasa, John Grunsfeld, a decisão foi tomada porque quase todos os vôos remanecentes dos ônibus espaciais - que devem ser aposentados até 2010 - serão dedicados às obras de conclusão da Estação Espacial Internacional (EEI). "Este é um dia triste", disse Grunsfeld. "Mas (a decisão) é a melhor para a comunidade espacial." Grunsfeld disse ainda que a medida também foi influenciada pela decisão do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de concentrar os esforços do programa espacial americano no lançamento de missões à Lua e, possivelmente, no futuro, a Marte. Bush anunciou nesta semana suas novas propostas para a exploração espacial, que prevêem um gasto de US$ 12 bilhões nos próximos cinco anos. Segundo analistas, o telescópio espacial Hubble é um dos mais cientificamente produtivos objetos especiais já lançados, tendo sido responsáveis por fotos detalhadas de locais nunca antes observados pelo homem.

Outra

02/02/2004

O chefe da Nasa diz que a decisão de abandonar o telescópio espacial será revista _____________________________________________________________

O clamor entorno do plano de abandonar o Telescópio Espacial Hubble - e, com ele, as mais emocionantes imagens do universo que o mundo jamais viu – foi tão forte que o chefe da Nasa (agência espacial norte-americana) diz que a decisão será revista. As reclamações contra a idéia incluíram cartas da senadora Barbara Mikulski e de todos os membros do Congresso originários da Maryland, onde a plataforma de operações orbitais está baseada. O destino do Hubble transformou-se também numa causa para astrônomos amadores e profissionais de todo o mundo, sem falar na 'chuva' de e-mails que chegaram no Space Telescope Science Institute, de Baltimore, responsável pela coordenação e utilização dos instrumentos do telescópio. “Tem sido opressor. Meu e-mail está congestionado”, disse Steve Beckwith, diretor do Space Telescope Science Institute. “Todo dia temos ofertas de idéias, apoio político e até mesmo dinheiro. Todo dia, há pessoas querendo saber como poderiam contribuir para manter o Hubble a salvo.” Sean O’Keefe, administrador da Nasa, disse numa carta a Mikulski que o marechal Hal Gehman, presidente da comissão que investigou a explosão do ônibus espacial Columbia, no ano passado, “reverá o assunto (Hubble) e dará sua solução”. A senadora divulgou uma cópia da carta nesta sexta-feira. O’Keefe defendeu sua decisão no início deste mês de cancelar todas as missões de ônibus espaciais ao Hubble, que revolucionou o estudo da astronomia com suas maravilhosas imagens do universo. Ele citou os riscos de astronautas numa missão ao Hubble e os planos do presidente George Bush de mandar homens a Lua, Marte e além como razão para a Nasa mudar seu enfoque. O porta-voz da Nasa, Robert Mirelson, disse que O’Keefe não mudou sua decisão, mas pediu a Gehman para “dar sua opinião” inclusive sobre segurança, escalas de viagem e recomendações da comissão do Colúmbia.

OUTRA

09/02/2004

Dois relatórios de engenheiros da Nasa contestam a decisão da Nasa de abrir mão de uma missão programada para reparar e melhorar o Hubble em 2005 e 2006. Saiba mais. HomeNews É muito perigoso para os astronautas consertarem o Telescópio Espacial Hubble. A afirmação foi feita pela Nasa (agência espacial norte-americana) e pode significar uma morte antecipada para o olho astronômico do mundo no céu. No entanto, dois relatórios de engenheiros da Nasa contestam a afirmação da agência alegando que arrumar o telescópio não é mais perigoso do que usar astronautas para acabar de construir a Estação Espacial Internacional, que necessita de cerca de 25 vôos espaciais. Os relatórios dos engenheiros, fornecidos por um astrônomo próximo do caso, contestam a decisão da Nasa de 16 de janerio de abrir mão de uma missão programada para reparar e melhorar o Hubble em 2005 e 2006. "A missão final do telescópio, SM4, será tão segura quanto os vôos de ônibus espaciais para a Estação Espacial Internacional," disse um dos relatórios. O outro texto argumenta que as missões para o Hubble terão a mesma capacidade das missões para a estação de lidar com possíveis danos ao sistema de proteção térmica do ônibus espacial. Danos a este sistema durante a decolagem provocaram o acidente com o Columbia em 1º de fevereiro de 2003, que matou os sete astronautas a bordo. De acordo com a agência de notícias Reuters, os dois relatórios foram escritos por engenheiros da Nasa que temem perder os empregos se tiverem os nomes tornados públicos. Sem a missão de serviço, os giroscópios que permitem ao Hubble apontar para objetos específicos falharão e as baterias da nave acabarão. Quando isso acontecer, o Hubble sairá de órbita e descerá em direção à Terra e se queimará ao reentrar na atmosfera. Segundo Steve Beckwith, diretor do Space Telescope Science Institute, que administra o Hubble, a missão de serviço - que também instalaria uma nova câmera e outro instrumento - poderia dar mais seis anos de vida ativa ao Hubble. Em entrevista à Reuters por telefone no sábado, após a publicação das análises pelo jornal The New York Times Beckwith disse que espera "muito que a Nasa reconsidere esta decisão, à luz destas novas análises que saíram na imprensa". Telefonemas para a Nasa não tiveram retorno de imediato. O administrador da Nasa, Sean O'Keefe, disse que decidiu cancelar a missão de serviço com base em recomendações do grupo que investiga o acidente do Columbia. O'Keefe disse ainda que missões para o Hubble não contariam com o mesmo tipo de abrigo para os astronautas em caso de emergência que a estação espacial fornece, e que desenvolver tecnologias para viagens mais seguras ao Hubble para um único vôo não seria prático. Em resposta à pressão dos simpatizantes do Hubble, O'Keefe concordou em pedir uma segunda opinião. Mas ele disse diversas vezes que ele é quem tomará a decisão final. "Acho basicamente que o senhor O'Keefe superestimou o risco e subestimou os benefícios de um vôo de seriviço ao Hubble," disse Beckwith. Fãs do Hubble fizeram campanhas em diversos sites, incluindo o http://www.savethehubble.org, que reuniu mais de 15 mil assinaturas em uma petição ao Congresso e para a Nasa não permitirem o fim do Hubble. Já foram realizados quatro missões de serviço ao Hubble, a primeiro em 1993.

E agora? O que será do HST?

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